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23.11.2012Na Capela Santa Maria, óperas em português do final do século XVIII

Uma raridade histórica. Duas óperas luso-brasileiras, compostas em fins do século XVIII, não apresentadas no país há pelo menos 200 anos. Assim são as óperas “Saloia Namorada ou O Remédio é casar”, do compositor português Antonio Leal Moreira, com libreto do brasileiro Domingos Caldas Barbosa, e “O Basculho de chaminé”, de Marcos Portugal, com libreto de Giuseppe Maria Foppa. Ambas são encenadas em um só espetáculo, às 20h deste sábado (24) e às 19h de domingo (25), com ensaio aberto no dia 23, às 15h, dentro da Série Ópera Ilustrada, na Capela Santa Maria Espaço Cultural. Possível graças ao Fundo Municipal de Cultura da Fundação Cultural de Curitiba, as óperas têm direção musical de Ricardo Bernardes e direção cênica de Flávio Stein. 

A montagem destas óperas relaciona-se diretamente com descobertas recentes de manuscritos e obras do passado. “Os gêneros que combinavam teatro e música nos tempos coloniais, tanto nas casas de ópera no Brasil quanto nos teatros públicos e de corte em Portugal, eram as óperas sérias italianas baseadas em textos de Pietro Metastasio ou em comédias ao estilo de Pietro Goldoni. Contudo, em meio ao universo musical dominado pela representação de autores italianos, ou de obras de autores portugueses em estilo e língua italianas, havia uma produção de teatro de ópera em língua portuguesa”, explica Ricardo Bernardes.

O diretor musical faz doutorado em Musicologia na Universidade de Austin, Estados Unidos, na Universidade Nova de Lisboa, tendo como tema de pesquisa exatamente a ópera luso-brasileira de fins do século XVIII e início do século XIX. Em 23 e 24 de março deste ano, Bernardes fez a direção musical de “O Basculho de Chaminé”, no Teatro São Carlos de Lisboa, na comemoração dos 250 anos de nascimento de Marcos Portugal (nasceu em 24 de março de 1762). Já “A Saloia Namorada”, terá sua estreia moderna nesta montagem curitibana.

Para o diretor cênico Flávio Stein, o que se torna interessante nesta montagem, além de se conhecer a estética vigente no Brasil Colonial, é ouvir as óperas em português, não bastasse a qualidade musical de ambas as óperas. “Leal Moreira e Marcos Portugal são os mais importantes compositores teatrais luso-brasileiros deste período e vão sendo aos poucos redescobertos, trazendo luz a um repertório, que sem maiores pretensões, diverte e que nos dá a oportunidade de ouvir ópera escrita em nossa língua comum aos dois lados do Atlântico”, explica Bernardes.
A montagem curitibana, produzida por Alvaro Collaço, tem como cantores Bruno Spadoni, Chrystian Segalla, Isis Jarnicki de Carvalho, Márcia Kayser, Adriano João Soares e Ailson Martins. E os músicos Ricardo Bernardes, que dirige o grupo ao cravo, Atli Ellenderson e Paulo Hubner, violinos; Flávia Motta, viola; Thomas Jucksch, violoncelo; Kiko Vargas, contrabaixo; Zélia Brandão, flauta, e Tadeu Malaquias e Isaque Santos Silva, trompas. Os figurinos são de Eduardo Giacomini..

As óperas
“A Saloia Namorada”, de 1793 e com texto do brasileiro Domingos Caldas Barbosa e música do português António Leal Moreira é uma comédia curta, leve e baseada em personagens do cotidiano de Lisboa, retratando o amor de uma saloia (equivalente ao termo brasileiro para “caipira”), vendedora de azeitonas apaixonada pelo soldado castelhano Alonso, e que tem em sua mal-amada cunhada Rosalia o seu maior obstáculo. Ao fim, segundo a visão da época, as personagens Alonso e Valério (noivo de Rosalia) concluem alegremente que o remédio aos males do amor e para disputa entre as mulheres é o casamento. A Saloia é ainda o único dos entremezes que tem recitativos ao modo italiano ao invés da usual alternância de música com teatro falado.

“O Basculho de Chaminé”, com adaptação anônima portuguesa de libreto de Giuseppe Foppa e música do luso-brasileiro Marcos Portugal, é uma das mais recentes e interessantes descobertas neste gênero, estando a única cópia da partitura no Rio de Janeiro. É uma divertida comédia de costumes que trata da troca de papéis entre um Barão e um limpador de chaminés, com cenas hilariantes e imbróglios típicos do teatro cómico italiano da época. Marcos Portugal adapta a ópera escrita para Veneza em 1794 para ser representada em Lisboa no ano seguinte, tornando a música mais ágil e dinâmica e mais afeita ao gosto português.

Serviço:
Ópera Ilustrada – Apresentações de “A Saloia Namorada ou o Remédio é casar” e “O basculho de chaminé”
Local: Capela Santa Maria – Espaço Cultura (R. Conselheiro Laurindo, 273 – Centro)
Datas e horários: 24 e 25 de novembro de 2012. Sábado, às 20h, e domingo, às 19h. Ensaio aberto dia 23, às 15h
Ingressos: R$ 20 e R$ 10
Informações: (41) 3321-2840

Autor: Assessoria de Imprensa

Fonte: Álvaro Collaço Produções

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