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22.05.2012Morre o iluminador do Paiol

Leonel Magalhães Júnior tinha duas casas: a que morava nas proximidades do Teatro do Paiol e próprio Paiol. O iluminador que durante 25 anos trabalhou em peças e shows num palco com características tão peculiares morreu no final da manhã de hoje (22) vítima de hemorragia ocorrida depois de uma cirurgia de coração. Uma pessoa dedicada, organizada. Esses são adjetivos que surgem quando os colegas, amigos e parceiros de trabalho se referem a Leonel. "Trabalhar com ele era uma tranquilidade. Era um exemplo de dedicação e competência", descreve o premiado iluminador Beto Bruel, que conheceu Leonel na década de 1970, época em que ele fazia sonoplastia para um trabalho do Grupo Margem, dirigido pelo memorável Manoel Carlos Karam e do qual faziam parte os cartunistas Dante Mendonça e Solda. A versatilidade e a vontade de aprender eram a marca de Leonel. Quando morava em Londrina, cidade onde nasceu, foi o primeiro baixista da banda de Arrigo Barnabé. Leonel chegou a cursar filosofia na USP, mas deixou a faculdade para vir morar em Curitiba, onde fez curso de teatro e alguns semestres de direito. "Ele lia muito sobre teatro, era um verdadeiro artista, e, muitas vezes, assinava a iluminação durante o espetáculo. Afinava o refletor e não deixava o artista no palco fora da luz", elogia a iluminadora, atriz e diretora de teatro Nadja Naira, referindo-se a forma como Leonel aproveitava as possibilidades que o Paiol oferece de mudar a iluminação na hora do show por ter em sua planta adaptada uma "varanda" próxima à vara de iluminação.

A coordenadora do Paiol, Lílian Ribas, acompanhava de perto o trabalho de Leonel. "Ele primava pela qualidade, independentemente do tamanho ou importância do evento. Simplesmente queria fazer o melhor, sempre com gentileza e educação", lembra Lílian.

O segredo para iluminar o antigo paiol de pólvora era desvendado por Leonel a cada show, a cada espetáculo. "Nós até podíamos tentar fazer alguma coisa diferente, mas a gente sabia que no Paiol a luz era do Leonel. Ele conhecia como ninguém a forma de iluminar cada lugar do teatro", reconhece Nadja.

Aos 61 anos, Leonel, que sofria de diabetes, não queria se aposentar e tinha esperança de voltar a trabalhar depois da cirurgia do coração.

O velório acontece na capela 5 do Cemitério Parque Iguaçu a partir das 20h desta terça e o enterro será amanhã (23), às 10h30.

Autor: Fundação Cultural de Curitiba

Fonte: Assessoria de Imprensa

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