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21.01.2021Lives da Oficina de Música: Shows mostrarão a sonoridade do bandoneon de Piazzolla

Instrumento popularizado por Astor Piazzolla, o bandoneon será uma atração à parte em duas live shows que acontecerão na 38ª Oficina de Música de Curitiba. O primeiro poderá ser visto nesta sexta-feira (22/1), ainda na fase erudita do evento, às 19h45, na Capela Santa Maria, com o Alejandro di Núbila Trio. O segundo marcará a abertura da etapa de MPB da Oficina, domingo (24/1), às 20h30, no Teatro do Paiol. com a participação do uruguaio Carlitos Magallanes. Para assistir, basta acessar o site www.oficinademusica.org.br/aovivo.

“O bandoneon é moderno não só por sua invenção ser recente, com relação a outros, mas também por suas possibilidades expressivas. Isso exige a entrega absoluta do músico, que vibra com o instrumento”, conta o argentino radicado no Brasil Alejandro di Núbila, que vive em Curitiba e já foi aluno em edições anteriores da Oficina de Música. Ao lado de Fábio Cardoso (piano) e Marsal Nogueira (contrabaixo), ele tocará músicas do conterrâneo e homenageado da Oficina, Piazzolla, e do brasileiro Heitor Villa-Lobos – ambos com um pé na música popular e outro na erudita.

O gênio Piazzolla começou a tocar bandoneon ainda criança, antes dos 10 anos. O instrumento foi presente do pai – mais de duas décadas depois homenageado pelo filho em uma de suas mais conhecidas composições, Adiós Nonino. Aos 13, em Nova Iorque, o jovem Astor tocou para ninguém menos que Carlos Gardel. De volta à Argentina, três anos mais tarde, aprimorou-se no domínio do bandoneon – que tocava de pé, ao contrário dos demais músicos – e revolucionou o tango.

Instrumento complexo
Dominado por poucos músicos no mundo, o bandoneon foi criado no século XIX, na Alemanha, para ser usado em igrejas. Pertence à mesma família do acordeon, da gaita de boca e do harmônio. Chegou à América do Sul com os primeiros imigrantes alemães mas teve aplicação bem diferente. Começou a se popularizar na capital argentina a partir das casas noturnas da época, onde se reuniam músicos e intelectuais, rapidamente se identificando com um gênero nascente: o tango.

Se poucos também entre o público conhecem o instrumento – e até chegam a confundi-lo com o acordeon – menos ainda são os que o dominam. A explicação para isso, diz Di Núbila, é a complexidade do instrumento. “A execução é muito difícil, primeiro, porque o músico não enxerga os teclados, posicionados assimetricamente dos dois lados do fole. É como se tocasse piano de olhos vendados. Quando esse fole abre, cada tecla produz um som. Quando fecha, as mesmas teclas produzem sons diferentes. Na prática, é como se houvesse quatro teclados. Então, além de dominar todo o teclado e a entrada e saída de ar, é preciso tocar música”, resume o músico, que é o único bandoneonista da cidade.

Tantos detalhes exigem disciplina dobrada de quem decide estudar o instrumento, o que significa a dedicação de cerca de 3 horas diárias e encontrar um curso ou professor – o que também é raro. Outra qualidade do músico é a paciência. “Enquanto no piano é possível tocar um minueto de Bach a partir de seis meses de estudos, no bandoneon não se faz isso antes de 2 anos”, conta Alejandro, que descobriu o instrumento por volta dos 15 anos, em Buenos Aires. Foi quando viu uma notícia sobre o bandoneon na música clássica. Filho de mãe pianista que se interessava por música erudita, o adolescente se matriculou no Conservatório Municipal da capital argentina.

Em Curitiba há cerca de três décadas, o músico ajuda a difundir o tango e o bandoneon. Além do trio musical, ele produz o programa semanal Tanguería, um lugar de encontro com o tango, veiculado há 10 anos pela Rádio Paraná Educativa.

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