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MOSTRA LA MOVIDA MADRILEÑA
A mostra LA MOVIDA MADRILEÑA busca retratar este movimento da contracultura espanhola por meio da exibição de filmes, bate-papo com investigador Edson Godinho e exposição de obras de artes no hall de entrada da cinemateca.
“Por um tempo, ao menos por um tempo da vida, a melhor roupa é a juventude.” Essa minha alegação rasa pode ter sido inspirada na canção “Enamorado de la Moda Juvenil” (1980), de Rádio Futura, uma das bandas ícones da Movida Madrileña.
Em fevereiro de 1980, foi realizado na Universidade Politécnica de Madrid o “Concerto a Canito”, homenagem ao jovem músico que havia morrido em um acidente de carro dias antes. Durante o concerto, muitas bandas se uniram para prestar homenagem a Canito e, segundo se sabe, esse foi o nascimento formal da Movida Madrileña, um dos movimentos de contracultura mais emblemáticos do mundo.
A Movida surge tardiamente devido aos 40 anos de ditadura do general fascista Francisco Franco. Quando o regime caiu, a população reivindicou sua liberdade de expressão, liberdade artística e liberdade sexual. O processo da Movida se deu por diferentes partes da Espanha, mas seu coração latente foi Madrid.
Talvez pouco conhecida pelos brasileiros, a cantora Alaska é uma das figuras mais emblemáticas do movimento. Ela é a Bom do filme “Pepi, Luci, Bom y Otras Chicas del Montón” (1980), de Pedro Almodóvar. Para além disso, Alaska é a voz desse movimento multiartístico que tem seu berço na música. Alaska passou por diferentes bandas, nas quais eternizou hinos de libertação sexual tais como “A Quién le Importa”(1986).
Se Alaska é o sol da Movida Madrileña, o farol é o conhecido cineasta Pedro Almodóvar. Pedro começa sua carreira escrevendo para publicações alternativas da Movida, tais como “La Luna”, sempre com um tom infame. Nos anos 70, Almodóvar já rodava seus primeiros filmes em 8mm, mas foi nos 80 que ele figurou dois dos títulos mais expressivos do cinema da Movida, e claro, do cinema espanhol: “Pepi, Luci, Bom y Otras Chicas del Montón” (1980) e “Laberinto de Pasiones” (1982). Nesse primeiro recorte de seu cinema, podemos ver Almodóvar cantando em “Laberinto de Pasiones” ao lado de seu parceiro Fábio MacNamara. Alaska, Pedro e Fábio formam a Santíssima Trindade da Movida Madrileña.
Iván Zulueta, outro expoente da Movida, desenhou os cartazes de “Laberinto de Pasiones” (1982), “Entre Tinieblas” (1983) e “¿Qué he Hecho yo para Merecer Esto!” (1984), títulos que pavimentaram o cinema de Pedro Almodóvar. Em “Arrebato” (1980), título fundamental do cinema da Movida, Zulueta apresenta, entre tantas outras faces da Movida Madrileña, a relação dos jovens com a heroína. Eu creio que essa é uma das poucas vezes que “Arrebato” será exibido no Brasil.
Falo com amor sobre a Movida Madrileña, falo como se tivesse vivido ali. A cada livro, artigo que leio, podcast que escuto, exposição que vou, filme que assisto, sinto-me reconectado com algo que foi meu. Sabe o lance de reencarnação? Por minhas contas, e pela minha infinita loucura, eu poderia ser a reencarnação de Eduardo Benavente, um dos meus nomes favoritos da música da Movida.
A Movida Madrileña foi o grito de uma juventude, de uma geração. As produções artísticas desse movimento transitaram por diferentes linguagens. Grandes nomes que formam a cena artística de Madrid são filhos da Movida. Vou citar alguns no intuito de uma provocação: o artista visual Ceesepe, o músico e ilustrador Carlos Berlanga, a jornalista Paloma Chamorro, o cantor Tino Casal, a dupla de pintores Los Costus e a atriz Carmen Maura.
“¡Madrid me Mata!” é o nome de uma revista também oriunda da Movida Madrileña, e para mim, é um sentimento constante, muito além da letra de “Vaca Profana”, feita pelas mãos de Caetano e eternizada na voz de Gal.
Vejo você nos dias 4, 5 e 6 de julho de 2025, na Cinemateca de Curitiba.
Texto de Edson Godinho, curador da Mostra e mediador das sessões. Edson Godinho é artista visual, produtor cultural e pesquisador da Movida Madrileña e do Cinema de Pedro Almodóvar.
Dia 4 - ARREBATO
(Espanha, 1979, drama, 105', 18 anos) Direção: Iván Zulueta
Elenco – Eusebio Poncela, Cecilia Roth, Will More
Um cineasta numa situação crítica procura com a ajuda de uma figura marginal pitoresca uma maneira de atingir o ponto máximo de êxtase. Ao estado que atinge chama-lhe ""arrebato"". Este filme é uma obra-prima que arrepia, na qual a relação entre o homem e o cinema é aprofundada de tal modo que unicamente no mundo da fantasia o podemos imaginar. Um dos melhores filmes da história cinematográfica espanhola, não existem palavras que o possam descrever.
Dia 5 - PEPI, LUCI, BOM Y OTRAS CHICAS DEL MONTÓN
(Espanha, 1980, comédia, 82', 16 anos) Direção: Pedro Almodóvar
Elenco – Carmem Maura, Félix Rotaeta
Primeiro filme de Almodóvar a fazer carreira comercial, trata-se de uma alegoria na qual três mulheres de diferentes idades, que vivem em Madri, passam por situações das mais bizarras na era punk espanhola.
Dia 6 - LABERINTO DE PASIONES - (LABIRINTO DE PAIXÕES)
(Espanha, 1982, comédia, 100', 14 anos) Direção: Pedro Almodóvar
Elenco – Cecilia Roth, Imanol Arias, Helga Liné
O filho homossexual do imperador do Tirã, Riza Niro (Arias), decide mudar-se para Madri em busca de diversão. Ele tem um rápido envolvimento com Sadec (Banderas), um terrorista gay que planeja raptá-lo. Sadec não reconhece Riza, que usa um disfarce; apaixona-se perdidamente e passa a procurá-lo pela cidade. Enquanto isso, Riza conhece Sexília (Cecília Roth), uma cantora ninfomaníaca. Em uma reviravolta do destino, eles se descobrem ligados pelo mais puro dos sentimentos: o primeiro amor, aquele que fica impresso para sempre na alma dos apaixonados."
Ingresso: Gratuito
Data(s): 04/07/2025 a 06/07/2025 - 6ª feira, sábado e domingo
Horário(s): 19h
Espaço Cultural: Cinemateca de Curitiba
Endereço: Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 1174 - 63
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