08.01.2014Todas as notas de uma Terra Sonora

Fim de tarde na região do Parque Tingui, perto de Almirante Tamandaré. Ali, na edícula de uma casa situada em uma rua tranquila, o grupo Terra Sonora se prepara para a apresentação deste domingo no Teatro do Paiol, dentro da programação da Oficina de Música de Curitiba. O cantar dos pássaros e os latidos dos cães se mistura à “Grega”, música típica dos portos e das tavernas situadas junto aos molhes do berço da civilização ocidental.
A peça é apenas uma pequena parte do trabalho mais recente do grupo, “Distâncias”, que percorre a cultura musical da República Tcheca, Costa Rica, Cazaquistão, Noruega, China, Suriname, Quirguistão, Eslováquia, Uzbequistão, Escócia, Lituânia, Costa do Marfim, Ruanda, Java, Baluquistão, Turcomenistão, Moldávia e Kosovo. Mostrando toda a diversidade de sons e olhares pouco conhecidos das pessoas daqui.

Muitas das músicas relatam histórias de amor, outras exaltam guerreiros, falam de rituais religiosos ou se dirigem às crianças. Algumas são curiosas, caso da canção de ninar “Airecillo”, da Costa Rica, que, ao contrário de outras cantigas tradicionais, cheias de ameaças, propõe uma recompensa às crianças que se entregam ao sono.
As transcrições das peças são feitas pela vocalista Liane Guariente; a harmonia, por Plínio Silva. Ela explica que ouve as canções originais e transcreve exatamente o que escuta, sem buscar fontes linguísticas. “Não é a língua, mas o som do que se fala”, explica. Ela não tem a pretensão de cantar na língua de origem da canção, mas de sentir e de transmitir a música.

Instrumentos – Assim como as peças apresentadas pelo Terra Sonora nascem em diferentes países, seus instrumentos vêm dos quatro cantos do mundo e são incorporados segundo suas possibilidades harmônicas. É uma quebra de padrão, uma fusão criativa. “O fato de o instrumento ser chinês, por exemplo, não nos obriga a utilizá-lo apenas em músicas chinesas”, explica Liane.
A incorporação dos instrumentos segue caminhos muito próprios: alguns são trazidos por amigos, outros adquiridos no Brasil, algumas vezes em locais insuspeitos. O harmônio – instrumento musical de teclas que se assemelha a um órgão – foi achado em uma loja de roupas e artigos decorativos indianos. “Estava procurando um vestido e dei de cara com ele. E o comprei na hora!”, conta a cantora.
Além do harmônio, instrumentos como o sheng, a concertina e o krum-horn (ver box) também chamam a atenção do público, que se encanta tanto pelos sons quanto pelas formas. E é exatamente essa a proposta do Terra Sonora para o fim de tarde deste domingo no Paiol: levar música, beleza, curiosidade e prazer estético à plateia.
Terra Sonora – Formando em Curitiba no ano de 1994, o Terra Sonora consolidou-se como um dos grupos mais importantes do país na área da etnomúsica, sendo reconhecido tanto pelo resgate de temas tradicionais quanto pela mescla de instrumentos e ritmos de diferentes regiões do mundo. É formado pelos músicos Liane Guariente (voz), Carla Zago (violino e rabeca), Gabriela Bruel (set de percussão), Adriano Mottin (concertina e flauta doce, metalofone e percussão), Giampiero Pilatti (flauta transversal), Rogério Gulin (viola caipira, cabacítara) e Plínio Silva (harmônio, flauta doce, krum horn, sheng e metalofone). Em vinte anos de existência, o grupo constituiu um repertório de mais de quinhentas peças, entre composições tradicionais e próprias.

Sons incríveis, instrumentos extraordinários

Frequentar as apresentações ou os espaços de aula da 32ª Oficina de Música de Curitiba é uma oportunidade de conhecer e ouvir instrumentos musicais raros. Alguns deles, pouco conhecidos pelos brasileiros, chamam a atenção por suas características exóticas e pelos sons diferentes. Os músicos do Terra Sonora são especialista nesses instrumentos. Conheça três deles, que serão tocados no show de domingo no Paiol:

Concertina (Alemanha) – Semelhante a uma pequena gaita, é conhecido, também, pelo nome de “acordeão diatônico”. É um instrumento de palhetas livres, como as existentes em acordeões e gaitas. Possui um fole e, normalmente, botões em ambos os lados.

Sheng (China) – Trata-se de um instrumento de sopro de embocadura única, que se liga a tubos de diferentes tamanhos que formam uma espécie de “órgão portátil”. O instrumento é antiquíssimo: a primeira referência data do século VII a. C.

Harmônio
(Paquistão) – É um instrumento de teclas, cujo funcionamento é semelhante ao de um órgão. Seu som lembra o do acordeão.

Krum-horn
(Irã, Alemanha) – Originário da Pérsia, o Krum-horn (em alemão antigo, “chifre dobrado”) é um instrumento de sopro construído a partir de um tubo oco curvado. Chegado à Europa por volta do século XI e foi popular durante o Renascimento; nas últimas décadas, foi redescoberto pela música antiga e pela música étnica.

 

Serviço:
Terra Sonora – Concerto do CD “Distâncias”
Direção: Plínio Silva
Data: 12 de janeiro (domingo)
Horário: 18 horas
Local: Teatro do Paiol
Ingressos: R$ 30 e R$ 15

Autor: Assessoria de Imprensa da FCC

Fonte: Fundação Cultural de Curitiba

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