07.12.2009Projetos de editais mostram o patrimônio imaterial curitibano

Exemplos da diversidade cultural curitibana foram revelados no III Seminário de Patrimônio Imaterial, promovido pela Fundação Cultural de Curitiba, no último final de semana, no Memorial de Curitiba. O seminário apresentou quatro projetos de pesquisa - dois documentários, um livro e uma exposição fotográfica - selecionados por edital e realizados com recursos do Fundo Municipal da Cultura.

No documentário "Posso falar de Brincadeira", com direção e pesquisa de Nélio Spréa e Elisandro Dalcin, os realizadores gravaram o recreio de crianças numa escola municipal. Eles perceberam que há pouca interferência dos adultos durante as brincadeiras e, dentro deste espaço, verifica-se a autonomia significativa por parte das crianças em relação à escolha e ao desfecho das brincadeiras no pátio escolar.Mil cópias do documentário de 52 minutos de duração, acompanhadas de um livreto, serão distribuídas nas escolas de Curitiba e região metropolitana. Nélio Spréa, pesquisador, músico e arte-educador, mestrando em Educação pela UFPR, chama a atenção para a contrapartida social. "Quando a Fundação Cultural coloca isso nos editais, dá ao projeto a certeza de que ele vai ter eco na sociedade", analisa Nélio que, com esse projeto, deixa clara a importância desse patrimônio imaterial, ligado à cultura infantil.

Com quantas histórias se faz um brinquedo

Outro projeto que remete ao universo das crianças é o documentário "Com quantas histórias se faz um brinquedo", sobre a forma de diversão com brinquedos feitos à mão. A partir dos usos e significados dos brinquedos produzidos artesanalmente em Curitiba, como elementos agregadores de tradição, memória e identidade, este documentário recolhe memórias e histórias de vida de alguns "criadores de brinquedos", gente muitas vezes anônima, que por gosto, encanto, ou mesmo trabalho, ainda perpetua a arte de fazer brinquedos artesanais de todos os tipos. "Sem o edital não faríamos o documentário dessa forma, ficaria mais difícil fazer a pesquisa e também reunir o material", reconhece o consultor do projeto, Luiz Carlos Teixeira, da ONG Malasartes Educação Sensível.

O samba não acabou

Deste projeto nasceu o livro "Acabou a Vila Tassi, mas não acabou o samba", sobre a primeira escola de samba de Curitiba - a partir da perspectiva de seus protagonistas. Foram gravados depoimentos com os criadores da agremiação, sambistas e compositores remanescentes, registrando falas sobre a origem, os feitos e composições da escola. "O trabalho é uma espécie de provocação a quem faz críticas ao carnaval curitibano", analisa o pesquisador Teotônio Arruda de Souto Maior, que conseguiu resgatar muitos sambas que estavam na memória do cidadão-samba de Curitiba, Maé da Cuíca, hoje com 82 anos. "Conseguimos, inclusive, fazer com que ele gravasse uma música, o que consideramos um feito". Teotônio diz que o edital possibilitou a criação de um círculo de amizades. "Para mim, que sou amante do samba, esse trabalho contribuiu muito para a minha formação pessoal. Considero este livro o pontapé inicial para o registro das memórias do samba em Curitiba. Não existe outro livro que conta essa história", afirma Teotônio.

Benzedeiras

"Benza Deus! Benzedeiras de Curitiba: tradição e modernidade" faz um mapeamento das benzedeiras de Curitiba, analisando suas práticas rituais, compreendendo sua existência e buscando saber quem são: suas origens, suas características sociais, culturais e econômicas e daqueles que as procuram. Da pesquisa em campo, resultou o acervo documental e fotográfico das benzedeiras tradicionais de Curitiba em forma digitalizada (e-book).Nos dez meses de pesquisa, o professor Victor Augustos Graciotto Silva procurou entender como essas mulheres vencem as barreiras do preconceito social. "Tivemos condição de ter uma equipe para realizar o trabalho. Sem recurso financeiro, ficaria muito difícil encontrar as benzedeiras, percorrer Curitiba. O material não teria a mesma qualidade. As benzedeiras ganharam mais esse espaço de reconhecimento", comenta Victor.

Autor: Assessoria de Imprensa

Fonte: Fundação Cultural de Curitiba

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