10.11.2022Pesquisadores apresentam projetos vinculados ao patrimônio cultural em Curitiba

Após dois anos de pausa, está de volta o Seminário de Patrimônio Cultural, promovido pela Fundação Cultural de Curitiba (FCC) e que acontece no Cine Passeio. O seminário apresenta as pesquisas realizadas em 2020 e 2021 como resultados dos vários editais do Fundo Municipal da Cultura para a área de patrimônio.

"Patrimônio cultural é sinônimo de cuidado, de zelo por aquilo que realmente importa. É o que vai dizer quem fomos e de onde viemos, depois de nós”, comenta Ozanam Aparecido de Souza, promotor cultural da Câmara Técnica de Patrimônio Imaterial, da FCC.

As pesquisas, financiadas via lei de incentivo, abrangem as áreas de patrimônio material (edificado, documentos, objetos) e imaterial (saberes, ofícios, costumes, modos de fazer, celebrações). Até a sexta-feira (11/11), os responsáveis pelas pesquisas apresentam dados e falam sobre os processos de realização.

O seminário apresenta 15 pesquisas, sendo três trabalhos de pesquisa urbana relacionados ao patrimônio arquitetônico e 12 de patrimônio imaterial.

A mesa da abertura foi composta por Luciano Chinda, historiador e diretor do Museu Abílio Rocco; Gabriel Serrato Paris, diretor de Patrimônio Cultural da FCC; e Ozanam Souza.

Ao final de cada dia, a plateia pode conversar, fazer perguntas e tirar dúvidas com os pesquisadores. Para assistir não é necessário fazer inscrição e a entrada é gratuita.

Conheça alguns projetos
Nosso Patrimônio
A arquiteta Letícia Nardi explica que Nosso Patrimônio é um projeto cultural com o objetivo gerar um inventário cultural de Curitiba e da Região Metropolitana a partir da participação de instituições, coletivos, associações, pessoas físicas e jurídicas. “Essas pessoas e grupos podem cadastrar aquilo que vivenciam e compreendem como patrimônio cultural em uma plataforma virtual, no site www.nossopatrimonio.org”, comenta.

Ainda segundo Letícia, a intenção é criar uma ferramenta de comunicação sobre os patrimônios culturais da nossa cidade, estabelecendo o contato para conhecer melhor as vivências e histórias que fazem parte da cultura, memória e identidade do nosso território.

“Eu acredito que eventos como o seminário são fundamentais nesse processo de preservação e identificação dos patrimônios culturais, configurando uma arena de debate. O Programa de Incentivo à Cultura da FCC é um instrumento valioso para conhecer as demandas da sociedade civil em torno do tema”, complementa Letícia.

Documentários
O produtor Gil Rhodrigues e a diretora Helen Bastos apresentaram dois documentários.

Dona Mide, Uma mulher de fibra do fandango paranaense

É um curta metragem sobre essa mulher negra, artista espetacular. Dona Mide – Cremildes Ferreira Bahr, conhecida como a Fandangueira das Mercês, sendo ela uma principal divulgadora e defensora do Fandango no nosso estado.

O doc apresenta as relações familiares, a influência de seu pai, Abelardo Rodrigues, o cozinheiro de um navio que chegou a Antonina em 1917 e que se apaixonou por sua mãe, dona Mariquinha, e tiveram seus oito irmãos. Família com talento musical, onde se destaca o irmão, conhecido como Lápis, como ilustre compositor popular.

Por sua relevância, Dona Mide recebeu o título de Membro Acadêmico Correspondente da Academia Soberana Brasileira de Artes do Estado do Rio de Janeiro e o título de Baronesa do Folclore, da Confraria Soberana da Ordem do Sapo.

Glauco Souza lobo, Relembrar sempre

Glauco Souza Lobo nasceu em 1939, na cidade de Niterói, no Rio de Janeiro, e chegou em Curitiba em 1945. Teve uma vida dedicada à igualdade racial, valorizando festas populares e de cultura afrobrasileira.

Trabalhou um período na FCC e teve grande destaque e envolvimento no carnaval, chegando a ser presidente de escolas de samba como a “Embaixadores da Alegria” e a “Não Agite”.

“O incentivo possibilita jovens negros empreendedores a proporem projetos que trazem à tona histórias que merecem ser registradas, personalidades negras que contribuem ou contribuíram com a cultura negra em Curitiba”, salienta Gil.

A Dimensão Imaterial do Construir e Habitar Indígenas no Acervo do Museu Paranaense
A antropóloga Josiéli Spenassatto apresenta na sexta-feira, junto com a equipe o projeto e comenta que a pesquisa é um passo inicial de um maior desenvolvimento de estudos e pesquisas sobre arquitetura indígena no Paraná e no Brasil.

“Buscamos demonstrar a complexidade inerente aos estudos, arquiteturas, registros e grupos, indo muito além de levantamentos e análises materiais, construtivas e ecológicas realizadas muitas vezes por meio de fontes secundárias ou à distância”, declara Josiéli.

Também compõe a equipe: Florêncio Rekayg Fernandes; Gabriel Tomich e Marina Oba.

Confira a programação Seminário de Patrimônio Cultural
Local: Cine Passeio – Rua Riachuelo, 410 – Centro

DIA 9/11 (quarta-feira)
14h – Histórias e Retratos da Feira do Largo da Ordem
Gilmar Kaminski
Luana Camargo
Soraia Gatti
Carolina Castanho

15h – Glauco Souza Lobo, relembrar sempre
Helen Patrícia Bastos do Prado
Gilmar Antônio Kaminski Jr

16h15 – Asiwaju – Jovens Lideranças agentes da Cultura de Terreiro
Pedro Paulo Costa de Almeida
Thais Serpa

DIA 10/11 (quinta-feira)
14h – Belarmina Paraná: trajetória de uma liderança indígena em Curitiba
Tatiana Takatuzi
Lilianny Rodriguez Barreto

15h – Kosi Omi, Kosi Orisa: usos religiosos das águas pelos povos de terreiro de Curitiba
Janaína dos Santos Moscal

16h15 – Tá comigo, tá com Deus, pois o amor de mãe sou eu: Inventário do samba de roda em Curitiba
Brenda Maria Lucília Oeiras dos Santos

DIA 11/11 (sexta-feira)
14h – Palacete dos Leões: a história de uma casa
Amélia Siegel Corrêa

15h – A dimensão imaterial do construir e do habitar indígenas a partir do acervo do Museu Paranaense
Florêncio Rekayg Fernandes
Gabriel Tomich
Marina Oba
Josiéli Spenassatto

16h15 – Crianças indígenas: brincadeiras, saberes e afetos na aldeia Kakané Porã
Lilianny Rodriguez Barreto

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