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07.04.2010Exposição retrata “América Hispânica”
No bicentenário da independência da "América Hispânica", o Museu da Gravura Cidade de Curitiba recebe, a partir do próximo domingo (11), a exposição "Menos Tempo que Lugar", que reúne trabalhos de dez artistas da Alemanha, Argentina, Bolívia, Brasil, Bulgária, Chile, Noruega, Peru, Venezuela e Uruguai. As obras apresentam um retrato estético da realidade urbana do continente, em dois séculos de emancipação. Promovida pelo Instituto Paranaense de Arte (IPAR), em conjunto com o Goethe Institut da Alemanha e apoio da Fundação Cultural de Curitiba, a mostra pode ser visitada até 9 de maio.
Com curadoria internacional de Alfons Hug e nacional de Alberto Saraiva, "Menos Tempo que Lugar" tem seu nome emprestado de um aforismo poético do escritor uruguaio Mario Benedetti: "Há menos tempo que lugar / não obstante, há lugares que duram um minuto / e para certo tempo não há lugar". O projeto utiliza recursos contemporâneos para investigar o bicentenário da independência da América Hispânica, comemorado em 2010 na Argentina, no Chile, na Colômbia e no México.
Para elaboração dos trabalhos, os artistas visitaram cidades tranquilas do interior e metrópoles pujantes, locais ligados ao passado e ao presente. O resultado dessa viagem é mostrado de forma adaptada: em La Paz eles questionam, por exemplo, se a autodeterminação dos povos indígenas poderia dar um novo rumo à história daquele país ou se os movimentos sociais de Buenos Aires (os "panelaços") poderiam ser uma resposta à globalização.
As obras - Os artistas usaram a inovação e a criatividade para mostrar a realidade da "América Hispânica", vinculando os fatos retratados à história da região. O peruano Fernando Gutiérrez, por exemplo, convidou German Grau, descendente do lendário almirante peruano Miguel María Grau Seminário, a percorrer quatro mil quilômetros, de Lima até o sul do Chile, a bordo de uma Kombi. Durante a jornada, a trupe viajante visitou o navio de guerra Huáscar, ancorado em Talcahuano, no Chile, e organizou performances nos vilarejos costeiros. O trabalho remete à Guerra do Pacífico (1879-1884), que anexou o sul do Peru ao Chile, trauma que o povo peruano carrega até os dias atuais.
Em seu vídeo "La Família", a búlgara Mariana Vassileva reúne várias gerações de forma harmoniosa. A despreocupada leveza do pitoresco álbum de família, que todo pai latino-americano tem em alta consideração, contrasta com a violência e os conflitos internos de suas sociedades. Enquanto isso, a boliviana Narda Alvarado, em seu vídeo "Baile de Ideias", invoca o valor que a população indígena atribuía à dança praticada em todas as situações da vida e todos os estados de espírito, não só como entretenimento.
Já a argentina Leticia El Halli Obeid traz a história de volta a uma realidade pouco espetacular e, viajando num trem suburbano em Buenos Aires, transcreve à mão a "Carta da Jamaica", texto mais famoso de Simon Bolívar sobre o futuro da América, enquanto, pela janela, vê-se passar a deprimente paisagem suburbana. Com seu manuscrito, a artista parece querer certificar-se de cada palavra escrita por Simón Bolívar. Em sua performance, Obeid compara a promessa histórica com a situação atual e, em vista do abismo que surge, questiona criticamente a legitimidade das festividades em torno do bicentenário.
O texto de Bolívar é aproveitado também pelo venezuelano Alexander Apóstol, que tenta organizar uma leitura do material, escrito originariamente em inglês, por moradores de bairros pobres de Caracas, observando como o obstáculo da língua torna as pessoas incompreensíveis. O messianismo político, com suas eternas promessas e seu pathos patético, é aqui levado ao absurdo por meio do sarcasmo.
No vídeo "Glória ao Bravo Povo", da artista alemã Christine de la Garenne, um ator anônimo se acomoda em uma rede, às vezes relaxado, às vezes em movimentos espasmódicos, como se estivesse agonizando, sempre acompanhado de fragmentos do hino nacional venezuelano e de trinados de papagaios num cenário caribenho. A paródia nos remete ao rancor político e à hipocrisia dos discursos populistas.
Bjørn Melhus se atira no tumulto da luta em seu trabalho "Hecho en México". Imitando um assistente de xerife montado em seu cavalo, inspirado nos tradicionais Charros (Cowboys) e armado até os dentes, tenta impor a ordem em um país cada vez mais militarizado. A polícia comum e o exército oficial se veem confrontados com grupos paramilitares, milícias e seguranças particulares de todos os tipos, onde os limites entre cada um desses grupos estão cada vez mais permeáveis.
O uruguaio Martín Sastre, um mestre da reinterpretação da cultura pop global e da política mundial, encontrou na Espanha um sósia do novo presidente norte-americano. O falso Barack Obama dança diante do Museu Rainha Sofia, diverte-se na quermesse e passeia por um parque temático. Por um precioso momento, Sastre suspende a lógica do cotidiano oferecendo-nos uma versão cover da realidade.
O brasileiro Neville D' Almeida ficou surpreso com o Amazonas. Documentou uma comunidade indígena de 700 habitantes na aldeia Caiapó Ukre, localizada no interior do Pará, no Brasil, mostrando a sua vida: rituais, trajes, danças e costumes. Os cantos tribais acompanham a apresentação deste trabalho.
Um tocante pedaço de mar azul repleto de poesia da chilena Claudia Aravena Abughosh fecha o círculo das obras do bicentenário. Do legendário porto de Valparaíso, no Chile, com seus terminais de contêineres e estaleiros, inicia-se uma viagem mar adentro, um mar que separou a América do resto do mundo durante longos séculos e acabou trazendo as caravelas dos conquistadores.
Serviço: Exposição Menos Tempo que Lugar
Local: Museu da Gravura Cidade de Curitiba - Solar do Barão (Rua Pres. Carlos Cavalcanti, 533)
Data e horário: 11 de abril a 9 de maio de 2010 - terça a sexta, das 9h às 12h e das 13h às 18h; aos sábados, domingos e feriados, das 12h às 18h.
Entrada Franca
Autor: Assessoria de Imprensa
Fonte: Fundação Cultural de Curitiba
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