17.04.2014Cultura e inclusão - entrevista com Mirella Prosdócimo

Especialista em inclusão, Mirella Prosdócimo é conhecida por sua atuação em prol da pessoa com deficiência. Formada em Letras, pós-graduada em Educação Especial e Inclusão, ela tornou-se uma referência na área. Foi a idealizadora da campanha “Esta vaga não é sua nem por um minuto”, que buscava conscientizar as pessoas para que não ocupem vagas de estacionamento destinadas a pessoas com deficiência. O Guia Curitiba Apresenta conversou com a secretária da Pessoa com Deficiência da Prefeitura de Curitiba sobre cultura e inclusão.

No momento quais são os desafios da secretaria?

Nossa tarefa principal é articular com as secretarias e órgãos municipais ações que promovam a inclusão da pessoa com deficiência. Na área da cultura estamos dialogando com a Fundação Cultural de Curitiba para criar mecanismos que levem cada vez mais a pessoa com deficiência para participar das atividades desenvolvidas pela instituição. Também queremos ampliar o conhecimento sobre Lei da Meia Entrada entre as pessoas com deficiência e os responsáveis por estabelecimentos que promovam eventos culturais. Outro ponto importante é fomentar a inclusão das pessoas com deficiência na cadeia de produção cultural. A criação de editais direcionados seria uma forma de garantir esta inclusão.

Na sua percepção, Curitiba tem avançado na questão de acessibilidade?

Sim. Existe uma preocupação crescente aqui em Curitiba em ter espaços apropriados para receber as pessoas com deficiência. Isso é extremamente importante não só do ponto de vista da inclusão como para a própria segurança de todas as pessoas. Tenho observado que a grande maioria dos eventos promovidos em Curitiba tem resolvido bem essa questão de segurança. Sabemos que temos muitos equipamentos públicos da cidade que ainda não contemplam a acessibilidade em sua plenitude, mas já estamos dialogando com a FCC para que possamos avançar e nos próximos sete anos tenhamos todos os espaços da Prefeitura adequados. É importante ressaltar que essa adequação deve acontecer não só na platéia, mas também nos palcos e camarins.

E quais medidas podem ser adotadas em um curto prazo?

Temos que pensar além da questão arquitetônica. Precisamos mudar a atitude e receber melhor a pessoa independentemente das suas características. Na questão da pessoa com deficiência, ainda enfrentamos o preconceito. Muitas vezes as pessoas querem ajudar mas não sabem como lidar. Precisamos diminuir isso, quebrar essa barreira do receio de se aproximar e de como tratar uma pessoa com deficiência.

E como promover a inclusão dentro dos espetáculos culturais?

Muitas vezes os espetáculos não são pensados para a pessoa com deficiência.
Alguns produtores não sabem, por exemplo, que alguém com problema de audição poderia acompanhar uma peça de teatro se houvesse um intérprete de libras. Uma pessoa com baixa visão ou cegueira poderia frequentar mais espetáculos se o recurso de audiodescrição estivesse disponível.

E temos profissionais preparados em Curitiba?

Sem dúvida a audiodescrição é um recurso caro e temos poucos profissionais no Brasil. É preciso formar mais profissionais, mais intérpretes de libras. Enfim, precisamos ter a cadeia completa para que a inclusão seja total.

Autor: Assessoria de Imprensa da FCC

Fonte: Fundação Cultural de Curitiba

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