26.04.2019Telão e pipoca: Cinemateca leva sessão de cinema a unidade de acolhimento

 Cerca de 40 moradores da Unidade de Acolhimento Institucional Campina do Siqueira passaram uma tarde descontraída nesta quinta-feira (24/4). Por iniciativa do programa Cinema nos Bairros, da Fundação Cultural de Curitiba, eles assistiram ao filme O Corintiano, uma comédia em preto e branco estrelada em 1966 pelo ator brasileiro Amácio Mazzaropi.

A exibição aconteceu no telão improvisado em uma das dependências do local, que também teve as janelas vedadas com cobertores e, no lugar de poltronas, cadeiras organizadas em fileiras. Pacotes de pipoca quentinha servidos ao público perfumaram o local e ajudaram a dar o clima de cinema ao local, que pela primeira vez recebeu a equipe da Cinemateca.

Ver o antigo filme foi como uma volta no tempo para a maioria dos espectadores – homens em situação de rua entre 18 e 59 anos de idade que têm na unidade a única alternativa para morar e se alimentar com dignidade. “Foi uma ótima sensação. Todo mundo gostou. Até lembrei da época que ia sempre ao cinema”, conta o morador Adalberto Silva, há sete meses instalado na unidade.

Para ele, que na juventude costumava ver filmes de ficção científica e também conhece todos os do personagem Indiana Jones, também foi especial o fato de poder olhar novamente para a tela grande, na sala escura e silenciosa. “Só atrapalhou o fato de ser sobre um corintiano e um palmeirense, já que eu sou santista”, brinca o morador.

O filme, que trata das diferenças entre o barbeiro Manoel (o corintiano, interpretado por Mazzaropi) e seu vizinho Leontino (o italiano torcedor do Palmeiras), foi o primeiro do programa Cinema nos Bairros exibido na unidade de acolhimento. “É muito bom pra eles ter essa oportunidade de lazer, cultura e socialzação. Melhor ainda se fosse num cinema”, opina a coordenadora do local, a assistente social Nely Piovesani.

Convite para isso eles já têm. Ao apresentar o filme e a proposta do programa gerenciado pela Cinemateca, antes do começo da exibição, o mediador cultural Júlio Manso Vieira destacou que a sala de cinema está aberta para recebê-los. “Se ter esse contato com o cinema é importante para o processo de superação deles, para nós é imensamente gratificante. Porque é possível ver a felicidade que o filme proporciona pra eles”, diz.

Se depender de Adalberto, os moradores da Unidade de Acolhimento Campina do Siqueira podem ir também ao novo Cine Passeio. Ele ficou curioso para entrar na sala de exibição Ritz, do Cine Passeio. “Será que é igual ao cinema antigo?”, perguntou, referindo-se ao cinema que funcionava na Rua XV e onde foi algumas vezes.

Até o final do ano o Programa Cinema nos Bairros deverá exibir filmes em 42 locais diferentes. Cada sessão costuma reunir entre 40 e 50 espectadores, incluindo as que acontecem na Cinemateca.

 

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