18.03.2014“Vida de piá de beira de trilho de trem”

Um delicioso, pitoresco e interessante resgate histórico de um emblemático restaurante, da arte de Poty Lazzaroto e de uma Curitiba de outros tempos é o que encontramos no mais recente trabalho do pesquisador Paulo Soares Koehler, lançado no último dia 15 de março no Mercado Municipal de Curitiba.

O documentário “Vagão do Armistício” resgata a história do restaurante homônimo que nas décadas de 1940 a 1960 foi ponto de frequência obrigatório em Curitiba. Por ali, ícones da história política, intelectual e artística da época sentaram-se à única e longa mesa do espaço, fartando-se com o risoto e a polenta de Dona Júlia (mãe de Poty Lazzaroto). Mais do que um restaurante, o Vagão do Armistício foi um espaço lírico, representação de uma Curitiba de personagens épicos e vastos quintais. Com texto de José Carlos Fernandes e a original pesquisa de imagens realizada por Paulo Koehler, “Vagão do Armistício” conduz o espectador por paragens e ambientes de uma Curitiba, hoje sepulta sob o viaduto do Capanema e da Avenida Affonso Camargo. Conversamos com Paulo Koehler para saber mais do seu trabalho e descobrir o universo da infância de Poty.

Qual a sua motivação para resgatar a história do Vagão do Armistício e como começa a sua pesquisa?


O projeto é uma continuação da minha pesquisa sobre a Didi Caillet, dentro da ideia de preservar a memória de ícones paranaenses. Comecei a reunir o material do Vagão do Armistício a partir de uma conversa com o irmão do Poty, o João Lazarotto. Ele me mostrou uma caixa cheia de fotos, do vagão, da família e dos convidados. Deste material, aproveitei a grande maioria e depois fiz uma pesquisa de obras do Poty que mostrassem referências da sua casa e do entorno dela.

E o processo de edição?

Trabalhei com três eixos para produzir o documentário: as fotos, os desenhos do Poty e a história contada pelo João Lazarotto e muito bem roteirizada pelo José Carlos Fernandes.

O fato do seu Isaac (pai do Poty) ser um líder, uma pessoa influente naquela Curitiba ajudou a preservar fotos e outros registros?

Sim. Manoel Ribas, Bento Munhoz da Rocha e outros nomes importantes da política frequentavam o restaurante do Isaac e da Júlia, que era um anexo da casa. E você sabe que políticos sempre andam com fotógrafos a tiracolo. Ele trabalhava na Rede Ferroviária como quase todo mundo naquela época. E como líder que era, carregava muitos votos consigo.

Quais personalidades frequentavam o Vagão?

No documentário temos registros do Elba de Pádua (jogador do Fluminense na época), Bento Munhoz da Rocha, Manoel Ribas, Cecília Meireles e outros mais.

Você desenvolveu uma técnica muito peculiar para criar seus documentários, qual a sua principal referência?


Acredito que minha inspiração para criar documentários sem depoimentos e sem a produção de imagens tenha muita a ver com a minha admiração pelos trabalhos do Valêncio Xavier.

Entrevista originalmente publicada na edição 81 do Guia Curitiba Apresenta

Autor: Assessoria de Imprensa da FCC

Fonte: Fundação Cultural de Curitiba

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