11.11.2011Histórias de mulheres perversas no palco do Novelas Curitibanas

Machado, faca e pistola automática foram algumas das armas com as quais 15 mulheres - em diferentes épocas, locais e circunstâncias - mataram suas vítimas, quase todas após rituais de sexo e sangue. Com poesia, inquietação artística e conteúdo multimídia, a Companhia Silenciosa se propõe a corajosa missão de levar essas histórias para o palco, numa produção em parceria com a Meio-Fio Cultural.

Livremente inspirada no livro "As Mulheres Mais Perversas da História", da britânica Shelley Klein, a peça "Florrie, A Importância Extrema" foi selecionada por meio de edital do Fundo Municipal da Cultura para ocupar o Teatro Novelas Curitibanas. O espetáculo fica em cartaz até o dia 18 de dezembro, com sessões de quinta-feira a domingo, às 20h. A entrada é franca.

O monólogo, o primeiro da história da Companhia Silenciosa, nasceu de texto original criado pela autora Léo Glück, que também dirige o espetáculo. Ela partiu da leitura do livro, com suas 15 personagens femininas criminosas, para uma perturbadora expedição pelos recantos mais obscuros do crime e da perversidade humana. Aprofundou as pesquisas sobre as obras macabras das assassinas e de suas vidas antes e depois dos crimes, para trazer para a cena uma grande discussão sobre a alma feminina, sua opressão e uma explosão incontrolável de violência.

No palco, a atriz Clarissa Oliveira interpreta Florrie, a assassina que é ao mesmo tempo uma nova personagem e também as 15 mulheres cujas vidas de crimes hediondos as fez entrar na lista de "As Mulheres Mais Perversas da História".

Vilãs sem moral da história - Marcado por uma mistura de relatos crus com uma leitura poética, o texto abre uma discussão mais profunda do que meramente compilar histórias de violências praticadas por mulheres. A atração causada pelas vilãs está ali, latente. Mas não se resume nesse ponto. "Nossa proposta não é responder perguntas, apresentar uma moral da história", conta Léo Glück. "Buscamos montar um documentário cênico e poético, que levanta questões como o caráter sexual destes crimes, componentes como a paixão por figuras masculinas que participaram direta ou indiretamente deles, bem como a própria condição de vítima destas mulheres que se tornaram algozes".

São atos violentos que, ao serem cometidos por mulheres, ganham uma nova dimensão. "Como pode uma mulher, responsável pela geração da vida, levar à morte de maneira tão sádica?" é uma das perguntas instigam o público. Não há respostas disponíveis, mas sim caminhos para discutir. "Não queremos nossa Florrie santa ou heróica. Também não queremos nossa Florrie vitimizada. Procuramos uma personagem simplesmente humana. Nos interessa sua poesia, pois desumana ela já é", ressalta a diretora e autora. "A mulher que comete um crime clama por expressão, atenção, cuidado, e, principalmente, por respeito."

Monólogo multimídia - Conhecida pela produção teatral pontuada pela performance e happenings nada convencionais, a Companhia Silenciosa constrói um monólogo à sua maneira. Florrie, a serial killer que dá nome ao espetáculo, está sempre acompanhada de perturbações, lembranças, vozes, fantasmas dela mesma. Às voltas com seu próprio labirinto psicológico, encarna pelo caminho as 15 criminosas. Esses ingredientes não emergem somente do texto, mas também de inserções multimídia, na forma de vídeos gravados especialmente para a montagem (da videomaker Alessandra Haro), imagens colhidas ao vivo com uma câmera na mão da atriz e música, fruto da sonorização realizada ao vivo pela produtora e DJ Jo Mistinguett.

"Nos interessa acabar com as barreiras entre as formas de expressão artística", explica Léo. "É um monólogo contemporâneo, no qual o cenário é uma instalação multimídia". Além do mergulho nas trevas da perversidade feminina, "Florrie" busca também, desse modo, uma discussão sobre as ferramentas da dramaturgia e os caminhos do teatro.

O cenário traz a plateia para dentro da ação dramática. As cadeiras margeiam um corredor no qual a atriz encena, tendo ao fundo espaço para as projeções de vídeos, tudo num mesmo ambiente cênico. "Aproximar a relação entre a cena e o espectador é um componente primordial de nossa pesquisa", conclui Léo.

Serviço:

Peça teatral "Florrie, A Importância Extrema", com a Companhia Silenciosa

Local: Teatro Novelas Curitibanas (Rua Carlos Cavalcanti, 1.222 - São Francisco)Data e horários: temporada até 18 de dezembro de 2011, com sessões de de quinta-feira a domingo, às 20h.

Censura: 18 anos

Entrada franca - Atenção: os ingressos devem ser retirados na bilheteria do teatro, no dia da apresentação. Como a capacidade é limitada em 70 pessoa por dia, é recomendado chegar cedo.

Ficha Técnica

Concepção, Dramaturgia, Encenação e Maquiagem: Léo Glück

Elenco: Clarissa Oliveira

Direção de Vídeo e Still: Alessandra Haro

Figurino: Amabilis de Jesus

Sonoplastia: Jo Mistinguett

Iluminação: Wagner Corrêa

Assistente de Iluminação e Operador de Luz: Frank Sousa

Cenário e Design Gráfico: Henrique Saidel

Fotos de divulgação: Leco de Souza

Operação de Vídeos: Ata Hostin

Produtora: Meio-Fio Cultural

Direção de Produção: Dayana Zdebsky

Assistente de Produção: Kaley Michelle

Realização: Companhia Silenciosa

Assessoria de Imprensa: FC COMUNICAÇÃO - Fabiano Camargo - (41) 3015-6259 - 9199-6259

Autor: Assessoria de Imprensa

Fonte: FC COMUNICAÇÃO - Fabiano Camargo

Compartilhe:

imprimir voltar