24.01.2016Artistas valorizam espaços públicos com pinturas de paineis

O muro da Escola Municipal Nossa Senhora da Luz e a escadaria abaixo do Terminal de Ônibus da Cidade Industrial de Curitiba, no Conjunto Oswaldo Cruz II, ganharam cara nova. Alunos de oficinas gratuitas do Projeto Memória Mural e integrantes da comunidade mostraram o que desenvolveram nas aulas nesses espaços públicos. Os murais hoje ocupam a cena de espaços públicos que antes eram apenas paredões e agora dão mais cor à Vila Nossa Senhora da Luz.

Esse é um dos projetos contemplados pela Lei de Incentivo à Cultura, através da Fundação Cultural de Curitiba – Edital das Regionais. As oficinas culturais são uma oportunidade de aprendizagem de técnicas variadas como: pesquisa e memória, pintura mural, fotografia, fanzine, serigrafia, projeto cultural, teatro e desenho.

“Esse projeto é muito bacana e interfere na vida das pessoas que moram e passam pela CIC. Fico feliz em executar esses painéis e promover as oficinas que são ferramentas para que os participantes aprimorem o seu olhar para a arte”, disse Paulo Cesar Oliveira, de 45 anos, idealizador do projeto.

Com o objetivo de formar multiplicadores culturais, as atividades são direcionadas à capacitação dos participantes para produzirem projetos semelhantes, de relevância artística e social para a comunidade local. Os alunos que se destacam são convidados para ajudarem a pintar os murais.

Os temas das pinturas remetem à memória da região, coletada por meio de pesquisas realizadas entre os próprios moradores através de estudos e dados históricos.

Espaços maiores

Outros locais da CIC também tiveram intervenções artísticas. No Santuário São Leopoldo foram retratados o Frei Miguel, que em 1968 veio para Vila, tornando-se, por seu dedicado trabalho comunitário, um ícone da CIC. No mesmo mural, está Israel Araujo Muniz, um dos moradores mais antigos do bairro.

Nos muros da Igreja Matriz da Vila Nossa Senhora da Luz, foi registrada a arquitetura de diferentes casas, desde a construção da vila até hoje; no Colégio Estadual Alcyone Moraes de Castro Velozo foram retratados os operários na construção da Vila, a extinta Estação Barigui e um ônibus da linha Centro-CIC da década de 1980.

O trabalho mais recente está em fase final no salão da Administração Regional CIC, em arte aplicada em uma parede de 16 metros largura por 3 metros de altura. “Estamos retratando a Cidade Industrial, a Vila Nossa Senhora da Luz, a população, moradores e a arte deste bairro”, disse Ivane Carneiro, professora de artes e produtora artística dos projetos.

O mural da regional destaca um dos primeiros times da CIC, o 1º de Maio, que tinha as cores azul e branca. Uma engrenagem representando as indústrias, máscaras destacando as manifestações artísticas e a música presente na imagem de um músico com uma guitarra.

Claudemir Franco, de 25 anos, mora há muito tempo no bairro. Músico e defensor dos movimentos culturais, é hoje um dos multiplicadores que participaram nas oficinas do projeto.

“As oficinas foram importantes para ampliar meu conhecimento e servirá como currículo. Como morador, participar deste projeto aumentou minha sensação de pertencimento pelo bairro e sei que estou deixando aqui um pouco de mim cada vez que pinto um pedaço de um mural. Isso é arte”, enfatizou Franco.

Mais arte no Hauer

Do outro lado da cidade, na Vila Hauer, sob a passarela da Vila Hauer na Avenida Marechal Floriano, um grupo de grafiteiros decidiu mudar o cinza da região e colorir com um tema que está associado ao bairro: o Zoológico de Curitiba.

José Francisco Neto, conhecido como Neto, é empresário no bairro Boqueirão, faz parte do grafite desde 1996. Junto com os amigos Gustavo Felipe, o "Vota" e Joaniso Lima Moraes, o J.C. , projetaram a arte em menor escala e a colocaram em prática através de uma pintura sob a passarela da Vila Hauer. O espaço ganhou vida e provocou curiosidade de quem passava no local.

“Esse projeto iniciou em uma conversa com o administrador da Regional Boqueirão, Augusto. Agora, se tornou uma realidade e deu vida ao espaço”, disse Neto.

Ele ainda destaca que outros locais no bairro que receberam intervenções de grafitagem.

“Identificamos espaços para realizar encontro de desenho livre e promovemos em parceria com os locais, pinturas, mas sem apologia à política, drogas e religião. Pintamos em um colégio e no paredão de um jardinete no Boqueirão”, concluiu Neto, que defende a ideia de tirar o cinza da cidade.

O local fica em frente a um semáforo na avenida Marechal Floriano Peixoto e o carinho e demonstração de aprovação pelo trabalho, foi avaliado por todos como “uma gratificação imensa”.

Joaniso Lima Moraes, de 35 anos, conhecido como J.C., é tatuador, faixa preta de Jiu Jitsu. Mas o que o deixa em paz mesmo é grafitar.

“Foi um trabalho que levou vários dias para aparecer, pois a chuva atrapalhou um pouco. Mas gosto de grafitar, me da paz, uma sensação muito boa. E o desenho por si, comunica, isso dá uma cara para a cidade. É a arte ganhando seus espaços”, definiu J.C.

No ano passado, o Zoo recebeu obras de infraestrutura, como o "Espaço Lúdico" no Acantonamento, o novo "Recinto dos Tigres" – o tigre é uma das pinturas em destaque na passarela.

Autor: SMCS

Fonte: SMCS

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